terça-feira, 11 de outubro de 2011

Sobre sonhos...

         Uma amiga me pediu para que postasse algo sobre os sonhos, diante inúmeros pensadores da psicologia, eu acho interessante, as idéias de Yung a respeito dos sonhos, por isso separei um texto que fala um pouco de tal assunto, de uma forma mais clara de se entender! Bjs!


       Os sonhos são o ponto de articulação entre o normal e o patológico, são produções e comunicações da pessoa que sonha, e diferente do que muitos pensam, os sonhos não são absurdos, todos possuem sentidos, além de serem manifestações dos desejos. E é através do relato feito pelo sonhador que tomamos conhecimento dos seus sonhos, ou seja, o que é interpretado não é o sonho, mas o seu relato. .

  Interpretação dos sonhos segundo Carl. G Yung:


          Aquilo a que chamamos símbolo é um termo, um nome ou mesmo uma imagem que nos pode ser familiar na vida diária, embora possua conotações especiais para além do seu significado evidente e convencional. Implica algo de vago, desconhecido ou oculto para nós.
          Assim, uma palavra ou uma imagem é simbólica quando implica alguma coisa além do seu significado manifesto e imediato. Esta palavra ou esta imagem tem um aspecto mais amplo, que nunca é definido de uma única forma ou explicado totalmente, nem podemos ter esperanças de a definir ou explicar. Quando a mente explora um símbolo, é conduzida em direcção a ideias que estão fora do alcance da nossa razão.
          Por existirem inúmeras coisas fora do alcance da compreensão humana é que utilizamos frequentemente termos simbólicos como representação de conceitos que não podemos definir ou compreender integralmente. Esta é uma das razões por que todas as religiões empregam uma linguagem simbólica e se exprimem através de imagens. Mas este uso consciente que fazemos dos símbolos é apenas um aspecto de um facto psicológico de grande importância: o homem também produz símbolos, inconsciente e espontaneamente, em forma de sonhos.
          Há ainda certos acontecimentos de que não tomamos consciência. Permanecem, por assim dizer, abaixo do limiar da consciência. Aconteceram, mas foram absorvidos subliminarmente, sem o nosso conhecimento consciente. Só podemos percebê-los em algum momento de intuição ou por um processo de intensa reflexão que nos levem à subsequente compreensão de que devem ter acontecido. E, apesar de termos ignorado originalmente a sua importância emocional e vital, mais tarde brotam do inconsciente como uma espécie de segundo pensamento.
          Este segundo pensamento pode aparecer, por exemplo, sob a forma de um sonho. O aspecto inconsciente de um acontecimento é-nos revelado, geralmente, através de sonhos, onde se manifesta, não como um pensamento racional, mas como uma imagem simbólica. Do ponto de vista histórico, foi o estudo dos sonhos que permitiu, inicialmente, aos psicólogos, a investigação do aspecto inconsciente de ocorrências psíquicas conscientes.
          Fundamentados nestas observações é que os psicólogos admitem a existência de uma psique inconsciente, apesar de muitos cientistas e filósofos lhe negarem existência. Argumentam ingenuamente que uma tal pressuposição implica a existência de dois “sujeitos” ou, em linguagem comum, de duas personalidades dentro do mesmo indivíduo. E estão inteiramente certos: é exactamente isto o que ela implica. Esta divisão de personalidades é, com efeito, uma das maldições do homem moderno. Não é, de forma alguma, um sintoma patológico: é um facto normal, que pode ser observado em qualquer época e em quaisquer lugares. O neurótico cuja mão direita não sabe o que faz a sua mão esquerda não é caso único. Esta situação é um sintoma de inconsciência geral, que é, inegavelmente, herança comum de toda a humanidade.
Carl G. Jung (org.)
O Homem e os seus Símbolos
Rio de Janeiro, Ed. Nova Fronteira, 1987

2 comentários:

  1. Paula, eu acredito que parte de nossos sonhos expressam o nosso inconsciente (e o consciente também), mas também creio que há uma parte que nos liga espiritualmente com os que temos afeto, estejam eles desencarnados ou não.

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  2. Adorei o texto. Interessante. Procuro ter uma interação com meus sonhos. Claro que têm noites as quais durmo um sono de "bela adormecida" e não consigo lembrar dos sonhos que tive, mas no normal faço o exercício de recordá-los... não que eu queira decifrá-los, de forma nenhuma, é apenas uma exercício, mania que tenho ( rssss) comecei a fazer isso quando passei a perceber que quando pensava muito forte em algo acabava sonhando... "virou mania" - kkkkkk - mas, na verdade, acredito que os sonhos são grandes fontes para entendermos nossos desejos, medos, angústias, ansiedades...

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